17 de fevereiro de 2012

CHEVAL O SONHO DE PEDRA Vicente Franz Cecim


 VEJA NO VIMEO                                                                           http://vimeo.com/36951970



1 de fevereiro de 2012

KINEMANDARA Vicente Franz Cecim

CENAS DOS FILMES DE ANDARA DE VICENTE FRANZ CECIM EXIBIDOS NO VIMEO:  http://vimeo.com/vfcecim 










FONTE DOS QUE DORMEM Vicente Franz Cecim
http://vimeo.com/13074604
A LUA É O SOL Vicente Franz Cecim
http://vimeo.com/34318111
MARRÁA YAÍ MAKUMA Vicente Franz Cecim/Bruno Cecim
http://vimeo.com/34470892

MÚSICA DO SANGUE DAS ESTRELAS Vicente Franz Cecim
http://vimeo.com/34499454
KAFKA Vicente Franz Cecim
http://vimeo.com/34530929

MALDITOS MENDIGOS Vicente Franz Cecim
http://vimeo.com/35284435
SOMBRAS Vicente Franz Cecim
http://vimeo.com/35335077
K+AFKA Vicente Franz Cecim
http://vimeo.com/35542902

24 de dezembro de 2011

Kafka: MusikAndara




Música, seleção de imagens e montagem:
Vicente Franz Cecim

Como a floresta respira ao luar!
Ora se encolhe e fica pequena, compacta,
e as árvores se lançam para cima,
ora alarga, transforma todas as encostas num tapete liso,
é vegetação rasteira,
é ainda menos,
é uma miragem nevoenta e longínqua.

Franz Kafka
Fragmentos


18 de outubro de 2011

Celebração das noites fatigadas Vicente Franz Cecim

 


há Desesperos circulares, Tu sabes desesperos
como o do animal no Escuro escuro
Girando
contido no Centro que seu giro gera


E a cada giro, Pura
emissão de intensidade busca as margens para Além das margens

E a cada giro, o Não
Escrita de grades: a palavra Dor não é a palavra Sim


Mais um giro, e eis: a Queda
Luz fenecendo
o Centro que des
morona, des
falece em centro Oo


E se esmorece
o Desespero, e se
se apaga: Se sob a pele Negra olhos se ocultam,


na harpa de grades a pausa é breve e não há Música

pois foi escrito no Bosque Sem Ternuras, em nossa Face: Que os olhos que uma vez se
fechem outra vez se abram,

e eles se abrem,
Cílio sem paz se

acende o Desespero


e Testemunha: as Grades permanecem Lá



E se adormece para os Sonos dos Alívios? Sem
remédio Sem
remédio,

porque sonha Grades



ah, tudo oculta em sonhos a Catedral de cinzas


as Margens

o Círculo


e a chave perdida



Animal escuro,
te tornaste o próprio Centro escuro


Tece teus cílios de Hera sagrada
Cintila
nas noites Sonha
com a Alvura



Não sabes que Outro centroO
te Ilumina,

mais Escuro?



há Desesperos circulares, Tu sabes






Vozes de Andara } Vicente Franz Cecim

I
ó Árvore de Negros Corais e dos silêncios do Céu


S
ubmerso

em Si como um homem

esquecido pelas paisagen
S


E vagando


Como se um mundo Não existisse
Um mundo não
como um mundo Sim


E convivendo com Ausência e Sombra


Quase deitado na linha do Horizonte, e sem temer a Lâmina, e com os pés pisoteando
estrelas:


dança,


mas não é O Dançarino



II
na via Lenta


este é o caminho das

Grades,

e ouves no fundo da Terra portões de ferro voltando ao pÓ,


como tu



Mas Tu não cumprirás toda a Profecia



Afinal,
não chegaste pela rua da tua Infância? N
ão
tropeçaste na porta da Sede e a Água te ergueu?

Não testemunhas o regresso das árvores nos sonhos da Semente



e
não passa Dentro de ti
a Outra via?


leve



Que
leva
à Leveza Invisível



III
esboçando no Sem Rumo


quando passas, em Si se esconde a Árvore
dos Negros Corais

tu passeias sem Clamor
quem sabe: Até cantes

e o Caminho não é longo

não colheste nenhum fruto,
mas os Corais vão contigo

e teus Passos vão deixando Rumor de treva e água profunda, pois
te seguem, Negros, os Corais


ó Árvore dos Negros Corais

quando passas em Ti
se esconde




TOPOST

26 de setembro de 2011

H

Vicente Franz Cecim


e





} quando o Silêncio horizontal se disser, te despindo, o Fulgor que És

e tudo em círculos vagando sobre a Esfera vier se Delatar a ti como

Máscara para esmagamentos > a horda escura e a História

e o ir e o ir e o ir dos frutos retornantes às sementes



mas não

o Vir

da Semente ao Fruto que nós chamamos Vida




e




quando na Clareira, Nu

testemunhares o desabrochar da Hera



#


  

Então

} haverá um dia seguinte


E nesse Dia

Manhã do Caminho sem caminhos,

despertando

abrirás a porta da tua casa



e verás



a Constelação Sem Centro




 
Porque o Centro tombou sem rumor toda a Noite para a Terra




Estás outra vez na rua onde passou por ti a Vertigem, a Tua Infância


E agora o Centro

} És Tu

 


Foto Jordy Burch


20 de setembro de 2011

a Residência entre Clarões está nas cinzas





Vicente Franz Cecim









Agarrado ao teu Tronco,



como não lamentarias a queda dos Frutos?





Perdido de Ti,



como colherias a Semente

no ar



e a semearias nas noites da Fadiga?





Para isso: ouvir

Aquilo que chama na Sombra





Para aquilo, ver

Isso: o Anel de Luz



na noite que mais pede sacrifícios à Aurora dos Destinos


ao passo



mais fiel ao caminho para a casa tombada,   Lá: onde a Curva

no horizonte

oferta a Esfera     ao fechar dos Círculos

´

à Asa murmurante que não pousa





à água de murmúrios dos Teus Olhos

29 de agosto de 2011

Tecnologia, Subjetividade, Literatura impressa ou virtual

ARTHUR MARTINS CECIM


Já de volta a Belém, Arthur Martins Cecim relatou aspectos de sua posição no debate Identidade, Literatura e Cultura na globalização, do qual participou em Passo Fundo. Foram estas: "- Os meios de comunicação virtuais em princípio são positivos: levam e trazem informações e abrem um grande espaço de diálogo livre para os povos do mundo todo, dando voz aqueles que não tinham. - Mas a tecnologia das comunicações continua centrada e a serviços de interesses de poucos, sobretudo interesses comerciais. Falta uma Ética voltada para o humano. Isso continuará enquanto a Ciência não dialogar em profundidade com a Filosofia, a Antropologia, a Sociologia. - Sobre o que o campo virtual significa ou pode significar para a Literatura, mantendo o livro impresso, o que não deve ser perdido de vista é que a tecnologia aborda, sempre, o exterior das coisas, vê pelo exterior e o utilitário, e busca apenas novos conhecimentos - mas conhecimento não é Saber e existe uma dimensão, ou dimensões interiores, regiões subjetivas, que estão fora do ancance da abordagem tecnológica. Essas dimensões continuarão só podendo ser atingidas pela Literatura. O livro virtual só terá uma existência substancial preservando sua alma, sua natureza original, de meio de manifestação das palavras - sob pena de não descer a essas profundidades, como o livro impresso." (ARTHUR MARTINS CECIM)


LANÇAMENTO DE HABEAS ASAS, SERTÃO DE CÉU!
Arthur Martins Cecim agenda lançamento em Belém de seu livro Habeas asas, sertão de céu! (Editora Record, Rio, 2011) Prêmio Nacional Sesc de Literatura 2010.









22 de agosto de 2011

ENTREVISTA O poeta que inventou Andara






LEIA EM:

http://blogues.publico.pt/atlantico-sul/2011/08/18/vicente-cecim-o-poeta-que-inventou-andara/

Público
Lisboa
Por Alexandra Lucas Coelho

VozSilêncio Diário Virtual de Andara Link http://cecimvozesdeandara.blogspot.com


vfcandaraevadaraeandara


PÚBLICO, LISBOA:

Vicente Franz Cecim
O poeta que inventou Andara

Por Alessandra Lucas Coelho


LEIA MAIS:

http://www.facebook.com/vfcecim#!/notes/vicente-franz-cecim/publico-p-vicente-cecim-o-poeta-que-inventou-andara-por-alessandra-lucas-coelho-/236496886394454


28 de julho de 2011

Translation

8 de julho de 2011

Kafla, Pessoa, Lautréamont: nossos fantasmas onipresentes






■RESSURREIÇÃO PELOS LIVROS: Kafka, Pessoa, Lautréamont - e mais: Musil, só devastou a Literatura contemporânea nos vinte anos que passou escrevendo O Homem Sem Qualidade mantido e alimentado pelos amigos - Joyce passou outros tantos vagando por uma Europa deserta com o fardo das mil páginas manuscritas de Ulisses, até ser publicaeita graças a amigos - e outros que em grande solidão passaram por nós e nem vimos - vieram e se foram anônimos: nossa espécie leviana só acredida em ressurreições: após a crucificação, quando o corpo some, abrem os túmulos, abrem os melancólicos cadernos baratos escritos na mão - recebem o Fulgor cegante desde a primeira e a cada página aberta - e só assim, desacordados de si e de suas omissões, pálidos, zumbis, sonâmbulos que o morto retornando - agora definitivamente poderoso e irresistível, livre do Ente, agora Ser que não aceita mais nenhum Não humano, exceto o que ainda achamos que foi sua Morte - passa a arrastar, possuídos, conduzidos por essas palavras - sob encantamento, e como que em sonhos. E para onde nos conduzem esses fantasmas Kafka, Pessoa, Lautréamont - e é terrível que os sacrificados pelos nossos silêncios sejam sempre os mais Belos - assim desacordados? Não para os muros da vingança - são muito luminosos para isso: eles nos entendem e nos lamentam, com feroz resignação. Então, para Onde? Para dentro de nós mesmos. E agora, em suas companhias impressas em nossas vidas, nos dão uma oportunidade de, como eles, mas de nossa morte-em-vida - também RESSUSCITARMOS PELOS SEUS LIVROS. Quantos reconhecerão e saberão por em prática transformadora essa Dádiva, e ressuscitarão? vFc


* Dali, renomeado Ressurreição


Vicente Franz Cecim

Viagem a Andara oO livro invisível



VOZES DE ANDARA

http://cecimvozesdeandara.blogspot.com

5 de julho de 2011

Na Penumbra Andara








Diálogo com Jan
I
Andara:Duchamp:Bosch:Van Gogh:Apocalipse:
Cicatrizes perfeitas


Jan,
sobre Duchamp e Andara:
quando eu falo que sou um Sonhador Prático, como Duchamp, é apenas para os idiotas entenderem que não existe necessariamente um dialismo rígido entre a metade esquerda e a direita do cérebro - ou mais diretamente: que não é por sonhar Andara que eu não mantenho um olho aberto sobre a estupidez do mundo manifesto ao meu redor - quer dizer, sonhar não é se alienar, ao contrário: é um engajamento profundo, e já qiue falaste de Dostoiévski, um engajamento no Subsolo Humano

O Duchamp perturba instalando pregos em um ferro de engomar

Em Andara - te disse - não há nada da civilização, nem seus valores, nem seus símbolos, muito menos seus utensílios: televisões, aviões, luz elétrica - que são substituidos pela luz das estrelas e a emitida pelas coisa - segundo a alquimia de Paracelso - pelas asas negras e brancas de aves e anjos, e pelas Visões reveladoras dos personagens

Eu vou para o combate direto com esta Civilização dizendo - é em Os jardins e a noite - que Andara é a floresta retornando sobre a cilização que a expulsou

Mas o combate essencial em Andara é a subversão da linguagem, e a emersão de outras realidades submersas - mantidas submersas: por isso eles precisaram de Freud, para ver seus abismos obscuros: o Inconsciente - embora eu não me sinta dividido em Consciência e Inconsciêncis: por vivo em uma Esfera que é toda Consciência: como submerso em um Oceano, cavidade esférica onde apenas se dá que quanto mais à tona, mais claro, e quanto mais no fundo, mais escuro
Nesse sentido certamente Andara é Hieronimus Bosch, Breughel - mas tudo em demanda de uma Ascensão, indo para a Noite Estrelada de Van Gogh, meu mais amado entre os que pintam
Digamos, então, que Andara é um universo imaginário mais Medieval do que Moderno
E até mais ancestral, se eu levar em conta o que disse um crítico francês, do Le Monde, Jean de tal, após passar por Belém e levar livros de Andara para Paris, me mandando um e-mail: - Tu escreves como João Evangelista, o Discípulo Dileto
Não sou discípulo dileto nem detestado de ninguém: tenho cúmplices que me precederam e que virão depois de mim como eu vim depois deles: Kafka, Beckett, Guimarães Rosa, Rulfo, Gombriwicz, Bruno Schulz, Céline, Giono, Swift, Cervantes, Barthazar Gracián - digo com Alegria seus Nomes, e ainda: Vallejo, Lautréamont, Pessoa, Trakl, Celan, Rilke, Novalis, Hoelderling - deixem que eu os Conclame todos ainda mais uma vez
Então, não como discípulo - muito menos como alguém que sofre de uma Ansiedade de influência e quer mater seus antecessores, ou mestres, como acusa um tanto apostando em uma posição pessoal Harold Bloom - mas me situando no que Shitao, o Monge da Abóbara Amarga, em sua cintilante compreensão da Criação como A Pincelada Única: ato unido ao Cosmos todo, descendo, um Único Gesto, sem maiores reflexões da mante humana, pelo corpo humano até a mão, o pincel ou lápis, e a tela ou papel ou a mão virtual que escreve palavras e pinta imagens que não deixam rastros - então, recomeçando, sem me sentir seguidor de nada e ninguém - e lembrando a afirmação de Shitao: - Não sigo nenhum mestre, eles é que me seguem - o que nos leva a Borges dizendo que Kafka criou seus predecessores - achei que havia algo de João em mim
parece que sim: e já que vês Bosch em Andara, também acho que sim

então: O Jardims das Delícias e o Apocalipse - se este, escrito por João de Patmos, tiver sido escrito pelo mesmo João que num dos Evasgelhos escreveu: - No Princípio era o Verbo, e o Verbo se fez Carne
Essa Carne que os pregos de Duchamp querem dilacerar - e eu gostaria de Cicatrizar, mas pelo sangue derramado com Ternura
pois não há Cicatriz sem sangrar, não é?

No Centro da Amizade,

aVe,
vFcecim

# Em nosso próximo encontro me lembras de falar sobre o meu Sonho de um dia os homens descobrirem que podem viver na Cicatriz Perfeita - aquela que já existe, antes da Ferida acontecer



II
Andara: oO


Jan,

o que é bom em nossos diálogos - é que fazemos muitas perguntas e damos poucas respostas: e Isso é Andara: no Obscuro, em demanda de Luz, e depois - compreendo que do escuro não se atinge a luz e passando a se dirigir, sem se contorcer mais tanto em duas vias - à Penumbra: a Vida se abrindo em mil e uma hipóteses - e o que o místico senão uma imensa hipótese de Eternidade sonhada - e o que são os Sonhos senão Hipóteses, e por isso libertam do nosso claro-escuro desperto - a partir do Efêmero das coisas manifestas, que são todo este visível ao nosso redor - e em nós?

Quanto ao visível e ao Invisível, o primeiro livro visível de Andara - A asa e a serpente - em 1979 fazia a abertura ao Livro Invisível e a Viagem a Andara, sob o signo de

atravessar o que nos nega, chegar ao Sim: e é assim que tu verás um S nestes dias cegos

a frase que - junto com o que se lerá no início da Viagem - atua como uma orientação, incerta - pois também é uma hipótese: de que existam um Sim - podemos erguer um Imaginário com a matéria prima visível? - embora firme no sentir que há nãos resistindo as nossas viagens humanas, por todos os lados, e em toda parte - metade dessa resistência se dando, oh, dentro de nós


Viagem a Andara oO livro invisível



Tu escreves um livro com tinta invisível

Por que fazes isso?




Nós somos homens invisível
Depois de nascidos, visíveis.
Entre o início invisível e o invisível final, nós somos os homens visíveis.
Aproveitemos para nos ver

E então ir escrevendo outros livros, nestes Jardins, todas essas Asas, para que um livro vá se fazendo.
Mas não em si. Dele não se verá nem sombra das palavras no papel.
Viagem a Andara
O não-livro. Não existe, não existe
Literatura fantasma.
Não foi escrito.
Enquanto texto, tudo o que teremos dele é um título


E a pergunta seguinte é:
E o que são livros, os livros que se escreve
Livros de Andara.
Livros-miragens. Pois uma vez escrita, da vida só resta a alucinação literária

Situação dos livros de Andara: condenados à visibilidade para que Viagem a Andara oO livro invisível
possa existir como pura ilusão.

Andara, a viagem ela mesma, nunca será escrita diretamente.

E ela está começando assim



A asa e a serpente [primeiro livro visível de Andara ]


Minha mão direita está cuidando da direita como se fossem dois irmãos

E há aves caindo do céu e se transformando em terra. A mão direita que ainda mata

(...)


Esta viagem a Andara
E aonde mais?
Na vida.
Andara é perto e longe. Andara está dentro de ti. E fora. E dentro de mim.
Diz a voz


(...)


Se alguém entende estas palavras iniciais, toda a Viagem se abre, pelo menos, subjetivamente a ser percorrida vivencialmente, reflexivamente, sobretudo contemplativamente: pois Andara nasce e se Nutre da relação entre reflexos mútuos entre os livros visíveis e o Livro Invisível - relação que certamente é limitada pelo meu pequeno logos, humano, mas sabendo que seria pura expansão sem fim nem finalidade, quando o mesmo ocorre entre as emanações criativas do Uno - e disso Plotino nos diz, sempre muito Belo, que: O Imanifesto manifesta o Manifesto e este, por contemplação do Manifesto - logo, curiosamente, voltado para trás e para Ele, Manifesto - manifesta, por analogia com o mesmo processo original emanante, o Espírito - após a Hipótese Andara, não tenhamos mais tanto medo das grandes palavras: nela tudo é permitido - que voltado para o Manifesto, manifesta a Alma, que voltada para o Espírito, manifesta o corpo

E eis: estamos aqui, sobre uma das esferas girantes num Cosmos que é Pura Hipótese, homens, ora de cabeça para baixo, ora para o alto - mas ainda tentando nos manter de pé, e vacilantes tantos séculos após a transmutação das patas dianteira em mãos: origem de toda a Civilização concebida idealmente para nos proteger - como um outro céu - mas construída, na prática, em uma das dimensões possível da existência, a mais hostil, pois é a que o Demiurgo denunciado pela Gnose como criador imperfeito, engendrou


Como regressar ao Céu que o Imanifesto manifestou?
Segundo Plotino: contemplando o Imanifesto que permanece Invisível - em nós, no Profundo em nós

Então, na dimensão do Demiurgo: escrever livros visíveis
Na nãoDimensão do Imanifesto: entrar em correspondência com Ele através de um nãoLivro

E enquanto nos falamos, entre nós, com bocas
Falar com o Uno da única maneira possível: Sem Boca

Isso é a Viagem a Andara:


Situação dos livros de Andara: condenados à visibilidade para que Viagem a Andara oO livro invisível
possa existir como pura ilusão.

Andara, a viagem ela mesma, nunca será escrita diretamente.


Tu dizes, J:

O mundo já teve visionários - de novo me refiro a Hieronymus Bosch (e não somente o apocalyptico), pensei numa Hildegard von Bingen - que nos ensinavam como sonhar desperto. E acho que realmente e verdadeiramente o que as religiões (originais) procuram é aquele desligamento do mundo visível, tangível. O que é rezar se não entrar no misticismo percebível?
Já numa ocasião te referiste a Bach, no momento não acreditava numa ligação de Andara com as fugas, e nem agora acredito. Penso mais nas músicas pentatonais, estilo Gregoriano, por exemplo, ou nos mantras do Budhismo. Mais, e isso me surpreendeu - escutando uma obra do Stockhausen (o primeiro compositor de música eletrônica) tive visões de Andara. Agora te pergunto: se isso é todo eletrônico (quer dizer a-natural), como manter a naturalidade das Andares??


E eu enfim alguma coisa posso responder:

Quanto a Bach ter contaminado a tessitura musical de Andara: sim:
por isso Andara é fuga do manifesto através dos caminhos semicegos dos livros visíveis que escrevo, aliás, que se inscrevem em Mim

Quanto a Bosche ter contaminado a tessitura verbal de Andara, sim:
por isso Andara sendo região intermediaria entre a Terra e o Céu, espelho de reflexos entre o visível e o Invisível que está por trás das nuvens e das estrelas

Quanto a Hildegard von Binger, veio depois, já durante a Viagem, uma das confirmações doadas por outro homem à minha necessidade de sonhar desperto

Também se ouve Cantos Gregorianos em Andara? Sim
E mantas do Budhismo? Sim: mantras de todas as espécies, sobretudo os silenciosos: páginas em branco cantam enquanto as palavras falam, às vezes rosnam, ainda o Animal em nós

E Stockhausen?

Quando ele transportou a Música dos homens aqui na Terra até os Sons ecoantes no Cosmos, parece que buscava o que busquei:
transfigurar a Literatura em Escritura - buscar o Primordial, Raízes - retornar à Raiz de tudo

E como Andara se consente ser habitadas por tantos visitantes estrangeiros a ela?

Assim: sendo Lugar Sem Lugar
Ou: Lugar de Nenhum Lugar


E assim poder ser Lugar de Todos os Lugares

aVe.
vFcecim


III
No Tempo da Hipótese






da transfiguração da Amazônia em Andara e do Manifesto Curau em defesa da região

ENTREVISTA DE VFCECIM NA UNIVERSIDADE LIVRE DE BERLIM


e disso nasce uma delicada Teia de Espelhos e quase insuportável Tensão: Tensão que só pudesse ser manifestada se Andara se desse em um outro espaçotempo que não mais o da Literatura instalada ora no Presente, ora no Passado, ora no Futuro, mesmo quando ela, a Literatura, mescla todos esses modos de tempo numa só Espessura de Tempo. Espessuras comunicantes. Para Andara, nada disso resolvia mais: a sua exigência extrema, a exigência que me fazia e continua fazendo, desde seu início até hoje, é a de uma Abolição de qualquer Espessura.
Andara, mais que uma região sonhada no Cosmos, tem sido para mim uma estranha Residência,
exposta a todos os Ventos, onde tenho habitado desde que iniciei a Viagem.
Sob essa pressão, aonde ela me conduziu aos meus limites, junto com os sem-limites dela, os sem-limites em que queria se instaurar, explodi para fora e para dentro de mim num Tempo Verbal que fosse o Único em que Andara pudesse se dar, não se dando, e falar não se falando, entre o Invisível e o Visível: o Tempo da Hipótese. Sem habitar o Tempo da Hipótese, na Vida como na Arte, não se entende nada.

Vicente Franz Cecim
Viagem a Andara oO livro invisível

VOZES DE ANDARA
http://cecimvozesdeandara.blogspot.com

20 de junho de 2011

Noite das nutrições profundas

Vicente Franz Cecim










Tu não escreves Tu

és o Livro

que se lança em todas as direções nas Regiões Escuras: Agora
oO Círculo
cintilante

que te envolve


E nos limites da Esfera,
se te voltas para te ver Fonte
que se jorra,
vês:

o Outro,

Água que no Centro da Esfera ainda Lá és tu de novo,


murmurando



Tu
és o Livro,

que se lança, Chama

1 de junho de 2011

da transfiguração da Amazônia em Andara e do Manifesto Curau em defesa da região
























O VÔO DO CURAU

ENTREVISTA DE VICENTE FRANZ CECIM
NO SITE DA UNIVERSIDADE LIVRE DE BERLIN/
INSTITUTO LATINO AMERICANO




disso nasce uma delicada Teia de Espelhos e quase insuportável
Tensão: Tensão que só pudesse ser manifestada se Andara se desse em um outro
espaçotempo que não mais o da Literatura instalada ora no Presente, ora no Passado,
ora no Futuro, mesmo quando ela, a Literatura, mescla todos esses modos de tempo
numa só Espessura de Tempo. Espessuras comunicantes. Para Andara, nada disso
resolvia mais: a sua exigência extrema, a exigência que me fazia e continua fazendo,
desde seu início até hoje, é a de uma Abolição de qualquer Espessura. Sob essa
pressão, aonde ela me conduziu aos meus limites, junto com os sem-limites dela, os
sem-limites em que queria se instaurar, explodi para fora e para dentro de mim num
Tempo Verbal que fosse o Único em que Andara pudesse se dar, não se dando, e falar
não se falando, entre o Invisível e o Visível: o Tempo da Hipótese. Sem habitar o
Tempo da Hipótese, na Vida como na Arte, não se entende nada.


FRAGMENTO DA ENTREVISTA



18 de maio de 2011

Andara quer a Origem, o Antes



ENTREVISTA

























A viagem a Andara, onde inexiste a oposição entre o natural e o sobrenatural, não tem fim e pode ser iniciada em qualquer de seus momentos, por onde quer que se penetre nela através de um dos livros visíveis de Viagem a Andara oO livro invisível. Mas o que é Andara? É uma transfiguração, em região-metáfora da vida, da Amazônia, onde o autor nasceu e vive até hoje, e é, também, o próprio autor, o leitor, o universo. E não se esgota nisso: dentro da viagem, há ainda outra viagem, que tudo quer inverter. Diz o autor em entrevista à revista Azougue: "Andara é Coisa que viaja por dentro e no sentido inverso: quer retornar dos dedos dos pés ao calcanhar de Aquiles do homem, ali onde ele é mais sensível à Hipótese Onírica e Lúdica e Naturalmente Sagrada da vida. Andara quer a Origem, o Antes do ponto em que tudo começou a se perder do Todo, o ponto oculto de nós, homens, que só se consente a nós em Relances, Vislumbres."






14 de maio de 2011

ENTREVISTA Habeas Asas, Sertão do Céu: a fábula aérea de Arthur Cecim



O escritor paraense recebe
o Prêmio Sesc Nacional de Literatura 2010

A edição de 2010 do Prêmio Nacional Sesc de Literatura recebeu 1.142 obras provenientes de todos os estados e 76 foram selecionadas para a etapa final, sendo 37 romances e 39 coletâneas de contos. Na categoria Romance, a obra Habeas asas, Sertão do céu, de Arthur Cecim, foi apontada como a vencedora pela comissão de jurados de sua categoria, composta pela escritora Alice Ruiz e pelo professor e pesquisador Antonio Vicente Pietroforte. O romance tem pássaros como personagens, mas durante a narrativa o leitor os sente como seres humanos. A história é apresentada do ponto de vista do céu, habitat dos personagens, e Arthur Cecim inova na linguagem que, segundo Alice Ruiz, "se alimentou das dicções mais inovadoras, como a de Guimarães Rosa, Haroldo de Campos, Paulo Leminski, Mia Couto e da poesia de Manoel de Barros".O livro será publicado e distribuído pela Editora Record, parceira do SESC no concurso literário desde 2003.A cerimônia de lançamento das obras será em 4 de julho, na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.

Na entrevista a seguir Arthur Cecim fala de sua vida e obra.


ENTREVISTA

Você vem de uma família de escritores. O que tem a di

zer sobre isso?


- Venho do vínculo sagrado com a minha Vó, Yara Cecim e com meu pai, Vicente Franz Cecim. Desde criança, já existiam imagens em mim que hoje eu transformo em literatura, em livro. E foi minha vó Yara quem me ensinou o sagrado das coisas naturais, contava estórias, eu aprendi a narrar através dela, ela me contava estórias daqui como se fossem estórias épicas, lendas que eram teogonias. Minha vó vem de uma região, o Caxambu, onde homem e natureza são um só. Meu pai Vicente me ensinou as imagens oníricas, que me tornaram mais clara a indiferença entre céu e terra, sonho e realidade. Sigo o caminho de uma não-literatura, algo que está na terra, antes de chegar aos livros: os livros que escrevo são símbolos da indiferença entre natural e sobrenatural, coisa que meu pai me ensinou desde sempre, nos tempos mais arcaicos de minha infância.

Tem alguém a mais que lembrar: minha bisavó, Honorina Bastos, mãe de minha avó Yara, era uma poetisa transcendente. Foi ela quem me abriu um clarão, uma imagem eterna em minha mente, seus poemas são divinas implorações: ela tem um poema do qual me alimento eternamente.

Você é um dos poucos escritores paraenses que já lançam seu primeiro livro por uma grande editora nacional e que poderá ser lido por leitores de todo o Brasil. Qual o significado disso?

- É preciso que façamos uma literatura mais avançada, a literatura regional está esgotada, ressequida, sua fórmula, que é uma fórmula, não é uma forma de literatura autêntica. Os escritores de nossa região devem tentar outras formas de expressão, temos em nossa região todos os elementos para fazer uma literatura mais avançada: devemos tratar e fazer literatura como “transregião”, indo além do visível, literatura de forte imaginação, criadora de novos mundos. A literatura regionalista resseca as possibilidades porque estanca no particular, toma o particular como particular. Devemos dar asas universais ao particular, transregionalizá-lo. Fazer uma migração invisível dentro do próprio visível. Meu recado aos outros escritores é: sonhem, pois a região em si já é onírica.

Do que trata o seu livro?

- É uma estória baseada numa fábula, é uma parábola, na qual elementos sagrados e profanos, mundanos e supramundanos co-existem como um só, vistos no mesmo espelho da alma, o livro é uma busca pela bem-aventurança na terra. Ele fala de um sertão da alma, que habita em todos nós, todos os seres do universo. Somos filhos do universo, não é? Então temos esta nostalgia eterna. No livro não há diferença entre o natural e o sobrenatural, o sobrenatural é somente um sobre o natural.

Como você abordou esse tema?

- No livro é mantido o substrato regional, o elemento natural, mas a linguagem estética é universal. Por isso o livro vai além da literatura regional: ele mergulha naquilo que a realidade não diz comumente, mas diz pra si mesma, encoberta pelo cotidiano dos homens. Como se fosse uma transvisão: ele aborda o visível como se o visível tivesse uma alma, um segredo a nos contar, a nos confessar. Eu via as “visões” do mundo natural e as conjuguei com minhas visões e imagens internas: o livro é um enamoramento das duas visões. Eu sempre soube que o sobrenatural está onde menos o procuramos: na visão do mundo natural e quanto mais humilde e sub-natural, mais ali está o sobrenatural. As coisas se entregam mais a elas mesmas, é Ali que a realidade está dizendo mais sinceramente, devemos olhar para ali. Mas esta visão é uma “visão”, figuração do universal, imagem do universo vivo e não mera ótica de nossos olhos físicos. A semiótica daquela imagem é um interlúdio entre natural e sobrenatural, uma passagem secreta e onírica entre os dois. Um sonho real ou uma realidade onírica. Não é só surreal, porque não é uma distorção dos elementos do real, é também supra-surreal, porque distorce os próprios elementos que distorcem o real. O livro é uma migração eterna das palavras. Cada palavra é um sertão vivo.

Quais são seus escritores preferidos?

- Na leitura de ficção, tenho paixão fervilhante por Jean Giono, um escritor francês admirador do interior da França, adorava a vida camponesa dos vilarejos e a solitude da natureza, e a preferia ao invés de andar nos círculos parisienses. Ele tem um realismo onírico, um realismo surrealista que me encanta. Seu livro mestre, obra prima: O cavalheiro do telhado e a dama da sombra. Lendo os livros de Jean Giono me lembro da linguagem viva e cantante dos sertões de Guimarães Rosa, o qual aliás apreciava Giono. Também admiro profundamente o mexicano Juan Rulfo e sua obra brilhante Pedro Páramo, que é uma verdadeira divagação entre as pessoas e o silêncio, há uma voz no livro. Também é de minha admiração Witold Gombrowicz, e aquela coisa do universo vivo por debaixo de nossos olhos físicos. Como tradutor e professor de língua inglesa, não poderia deixar de mencionar Charles Dickens, que tem uma literatura muito viva e faz na língua inglesa o que a meu ver o Guimarães Rosa faz na língua portuguesa: existe em Dickens um sabor verdadeiro pela linguagem como em Guimarães Rosa. Na poesia, gosto do lirismo e da sinceridade fraternal dos versos livres de Walt Whitman.

Entre os escritores nacionais, o maior de todos é para mim Guimarães Rosa: todo o universo conversa consigo em Grandes Sertões: Veredas. Em Guimarães vemos o universo vivo no diálogo migratório, no diálogo vivo das sagas da vida. Guimarães Rosa tem uma ternura pelo empírico, tem uma visão ampliada do universal no particular, um conhecimento anímico do empírico, as coisas estão todas vivas e presentes na linguagem, a linguagem é o que universaliza as coisas. Ele fala com amor do empírico, descreve com sabor as realidades que falam por si só, sua ternura é um amor do universal nas coisas particulares. Os gerais são um sertão do mundo. Entre outros, admiro também Machado de Assis e Mário Peixoto. Na poesia, Augusto dos Anjos.

Estudo filosofia na Universidade Federal do Pará e tenho também na filosofia um caminho através da estética. Schelling, pensador alemão do idealismo, fala da possibilidade de uma filosofia da arte como retorno à unidade e origem dos tempos arcaicos: nele não há diferença entre natureza e homem, entre o poético e o físico, mýthos e logos. Schelling pensa uma poética orgânica, nele a natureza é dotada de alma, nele a natureza é arquétipa: para mim, isto é pura mitologia da natureza. Me identifico com este modo de pensar porque devemos resgatar o encantado que a mitologia um dia nos proporcionou. Houve um tempo, na antiguidade, onde a mitologia era pensamento e poesia, reflexão e narração, onde a natureza era antropomorfa e o homem era natureza. Este elo se partiu: devemos resgatá-lo.

Qual a relação entre a filosofia e sua literatura?

- A filosofia expõe o universo assim como minha literatura, nela não há diferença entre homem e natureza, o mitológico e o físico, o mythos e a phýsis, e isto está no próprio título: Habeas Asas, Sertão de Céu!

No meu céu, sobrenatural, há sertão. No sertão, igualmente sobrenatural, há céu. É como eu disse: o sobrenatural não é repartido do natural, ele é somente um sobre o natural, ele paira. A filosofia, seguindo a fusão pensada por Schelling, filósofo da natureza-alma, deve resgatar seu vínculo com o poético. A natureza, como física, deve resgatar seu valor poético. Mera ciência de um lado e sobrenatural desacreditado são uma desagregação que deve ser desfeita. Filosofia e poesia devem retornar ao ponto de onde partiram, como quando eram uma vertente só. Filosofia e poesia devem retornar ao ponto de encantamento.

Como eu vinculo a filosofia com a minha literatura? Por meio da poesia.

Eu acredito que a natureza seja uma poética orgânica. É a poesia que possui o substrato tanto da filosofia quanto da literatura de ficção: a literatura não deve ser somente descrição, deve ser sim descrição poética, e a filosofia não pode ser apenas reflexão, deve ser sim reflexão poética. Heidegger, talvez seguindo os caminhos de Schelling, já falava do vínculo esquecido entre filosofia e poesia, quando ambas perguntavam pelo Ser de um modo originário, que a techné instrumentalizada das ciências e do cotidiano ajudaram a encobrir. Heidegger já falava deste esquecimento do ser pelo ente. Benedito Nunes bem atentou para a necessidade do sentido como aquilo que humaniza a filosofia: este sentido só pode ser buscado na pergunta pelo ser, e esta busca autêntica só se acha no seio do poético, onde o ser se revela, livre e espontaneamente sem as amarras da instrumentalização cotidiana do saber. Todo o sentido do ser está numa correlação entre hermenêutica e poesia, a hermenêutica é o ponto de encontro entre a filosofia e a poesia, já nos dizia Benedito Nunes.

Você já tinha publicado outras coisas?

- Sim, já havia publicado poemas em sites de literatura da internet.

Você pretende continuar escrevendo?

- Sim. Já tenho outros livros escritos ainda inéditos e prontos para publicação. E continuo escrevendo novas ficções. Também escrevo poesia. Espero poder lançar meus poemas em breve. Vou seguindo a vereda.


ARTHUR CECIM é romancista, poeta, filósofo e tradutor de inglês. Nasceu e vive na Amazônia, em Belém do Pará, Brasil. E-mail arthurcnewcastle@yahoo.com.br