Vicente Franz Cecim
só tens a ti
e um Gesto se desfaz no Ar
Fala da Ponte
onde a Palavra, oca, simula madeira
Para onde te voltes, não estás
E Ninguém
que seja Alguém espera, Se não existes
Dizer: Espelho de miragens
E Despertar dos Sentimentos de Ausência,
abandonar os pés:
já não se movam nem te mantenham em ti
E no entanto uma Ave canta
A Tarde já foi Manhã
e há Leitos com promessas de Ternuras
À noite, acolhe a Tua Penumbra
Tu lembras o Nome vago que não dizes
Teu Alento ergue o Pó até teus olhos
Um animal antigo ainda é teu Irmão
Há Luta preenchendo o intervalo dos seres
Um pensamento Deserto se nutre de areia
Há ondas de Lágrimas nos Oceanos, longe
Cinzas retornando ao Fogo, com branduras
Ossos de Flautas, ouves, se Incineram
E no entanto, uma Ave canta
e és aquático como: No Princípio Era o Verbo,
sobre as Águas
Silêncio Silêncio
Na Tarde houve uma Manhã
Só tens a Ti,
e um Gesto se desfaz no ar