28 de agosto de 2009

Residência Profunda

Vicente Franz Cecim






só tens a ti




e um Gesto se desfaz no Ar





Fala da Ponte


onde a Palavra, oca, simula madeira






Para onde te voltes, não estás





E Ninguém



que seja Alguém espera, Se não existes










Dizer: Espelho de miragens




E Despertar dos Sentimentos de Ausência,





abandonar os pés:


já não se movam nem te mantenham em ti






E no entanto uma Ave canta



A Tarde já foi Manhã

e há Leitos com promessas de Ternuras






À noite, acolhe a Tua Penumbra








Tu lembras o Nome vago que não dizes
Teu Alento ergue o Pó até teus olhos
Um animal antigo ainda é teu Irmão
Há Luta preenchendo o intervalo dos seres
Um pensamento Deserto se nutre de areia
Há ondas de Lágrimas nos Oceanos, longe
Cinzas retornando ao Fogo, com branduras
Ossos de Flautas, ouves, se Incineram





E no entanto, uma Ave canta



e és aquático como: No Princípio Era o Verbo,


sobre as Águas







Silêncio Silêncio






Na Tarde houve uma Manhã






Só tens a Ti,


e um Gesto se desfaz no ar