2 de outubro de 2009

Curso: Paisagem Interior Vicente Franz Cecim








Processos criativos em Literatura e Vida












Processos criativos em Literatura & Vida. O que é isso?
O seminário Paisagem Interior será ministrado pelo escritor Vicente Franz Cecim, também gerente de Artes Literárias do IAP, e abordará a seguinte questão: É possível que qualquer pessoa, não necessariamente um artista, crie seu próprio mundo interior, como um escritor cria o seu, em sua obra. E possa estruturar todo um modo de vida e de valores, para aplicá-lo em sua própria vida cotidiana?
Cecim afirma que sim. E explica: - O poder e a liberdade da Imaginação são ilimitados,e o escritor os usa para criar sua Paisagem Interior, que irá aplicar, através de seus livros, ao mundo exterior.Com isso ele reverte o padrão a que as pessoas, em geral, estão submetidas: o de serem moldadas, condicionadas, conduzidas, limitadas em sua liberdade,de fora para dentro,pelas imposições e pressões das vidas,que as cercam.
Segundo Cecim, o seminário irá examinar esses processos criativos, na arte e sua aplicação na vida – empregando um meio comum a ambos: O Imaginário – tomando por base a Literatura e as práticas do Zen, culminando no entendimento do mundo como matéria moldável, não rígida,que pode servir de matéria prima para qualquer pessoa, assim como serve ao escritor.

I – KAFKA: A Vida via Arte
Este primeiro módulo, de abertura do seminário, toma como referência o exemplo de Franz Kafka, e vai investigar como o grande escritor transformou sua vida via literatura, através dos livros que escreveu (o Processo, O Castelo, A Metaformose, O Desaparecido) e, através de sua arte, incorporou e moldou suas existência, vivendo via arte, a partir de sua célebre declaração: - Só a Literatura me interessa

II – ZEN: A Arte via Vida
O segundo módulo faz o percurso inverso. Nele, o Zen é a referência de como a arte pode ser usada para transformar a vida. Nascido do Budismo indiano mesclado ao Taoismo chinês, em vez de usar escrituras o Zen se utiliza de formas de arte para transmitir saber aplicáveis à vida cotidiana: a Poesia, a Pintura, a Arte do Arco e Flecha, da Espada, da Cerimônia do Chá.Aqui, se verá como a arte, nascida da sensibilidade subjetiva, pode guiar os passos das pessoas no mundo objetivo.

III – O VÉU DE MAYA: O Homo Ludens e as Miragens do Real
Cecim se diz consciente das dificuldades que terão que ser eliminadas, para que as Paisagens Interiores possam ser geradas por cada um, escritor ou não. Ele diz: - Certamente as pessoas se sentem inibidas diante do que chamam realidade – que se torna, na verdade, uma irrealidade ao ser confundida com Civilização, Cultura, normas, convenções, regras, punições e recompensas. Vista assim, a realidade lhes parece espessa e irredutível a qualquer submissão nascida de suas subjetividades. Se impõe a elas. Mas o criador, o artista, sabe uma coisa que o seminário deverá passar, neste seu último módulo, para obter alguma eficácia: a chamada realidade é tão real externa quanto internamente. Na verdade, é, sempre, a realidade interior de cada um que vai ao encontro da exterior, coletiva. Por fora, o mundo é representação que o homem faz do mundo, como o artistas representa um mundo em sua obra. Assim entendida, como uma projeção de ilusões, que os Vedas chamavam de Véu de Maya, começa a ser vista a possibilidade de moldá-la de dentro para fora. Mas quem fará isso? Ali onde falhou o Homo Faber, que apenas formatou o mundo, e falhou também o Homo Saphien, que até agora tem tentado uma compreensão da Vida que permanece inatingível, deve emergir um terceiro estágio humano, evolutivo no sentido de atingir cada vez mais uma liberdade, não domada, mas domante: o Homo Ludens. Aquele que sabe a vida como jogo e se sabe jogado. Com um pé no real, outro no sonho e um terceiro, o mais importante, na liberdade da criança – é nele que se deposita a esperança da realização de uma Arte de Viver, ao vivo,gerada no interior de cada um, como um mundo de romance se gera interior do verdadeiro escritor e sai para o mundo com autonomia sobre a realidade ao nosso redor.